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O Céu da Língua: Gregorio Duvivier transforma poesia em espetáculo divertido e afiado

  • Foto do escritor: Lia Garcia
    Lia Garcia
  • há 4 dias
  • 2 min de leitura

Dirigido por Luciana Paes, espetáculo é uma comédia sobre a presença quase invisível da poesia no nosso cotidiano

Gregorio Duvivier no palco
Imagem: Joana Calejo Pires

Gregorio Duvivier sobe ao palco do Teatro Sérgio Cardoso com O Céu da Língua e prova que poesia, sim, pode ser divertida. Em um solo sem cenário, mas repleto de referências literárias e ritmo preciso, o ator transforma sua obsessão pela palavra em espetáculo. Com direção da atriz Luciana Paes, que estreia na função, a montagem é enxuta e eficaz, apostando na simplicidade da forma para dar protagonismo absoluto ao conteúdo.


No palco, Duvivier não está sozinho: o músico Pedro Aune cria ao vivo a ambientação sonora com seu contrabaixo, pontuando emoções e ritmos do texto com sutileza e inteligência. Ao fundo, Theodora Duvivier, irmã do ator, assina as projeções que ampliam o discurso poético com imagens precisas, delicadas e bem-humoradas — uma extensão visual do pensamento do protagonista.


Estreada em Lisboa durante as comemorações dos 500 anos de Camões, O Céu da Língua já percorreu palcos em Portugal e em várias cidades brasileiras, como Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre, sempre arrancando risos e reflexões por onde passa. A peça homenageia a língua portuguesa sem cair no didatismo.


O humorista, desde a infância, carrega uma obsessão pela palavra, pela comunicação verbal, pela língua portuguesa. Assim, Duvivier, com sua verve afiada, brinca com códigos, como aqueles que, em sua maioria, só são decifrados por pais e filhos ou casais enamorados. O riso surge da surpresa – como quando ele resgata palavras esquecidas ou desmonta jargões corporativos (atravessamento, disruptivo, call, briefing e tantos onutros) com ironia.


As reformas ortográficas que tiram letras de circulação e derrubam acentos capazes de alterar o sentido das palavras inspiram o artista em tiradas bem-humoradas. O mesmo acontece quando ele comenta a ressurreição de palavras esquecidas, como “irado”, “sinistro” e “brutal”, que voltaram ressignificadas ao vocabulário dos jovens.


Mais do que um show de humor, O Céu da Língua é uma celebração da comunicação, da escuta e do prazer de falar bem. Duvivier assume a missão de mostrar que a poesia está por toda parte — nas canções, nos ditos populares, nas metáforas do dia a dia. Com charme, timing e inteligência, transforma o palco num lugar onde a literatura encontra o riso, e onde a língua portuguesa, tão vasta e rica, se torna a verdadeira protagonista.


Quem tem medo de poesia? Definitivamente, Gregorio não.


O Céu da Língua, de Gregorio Duvivier

De 1º a 25 de maio

Quinta a sábado, às 19h

Domingos, às 16h

Teatro Sérgio Cardoso

Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista - Sala Nydia Lícia

Ingressos: Plateia: R$ 140,00 | Balcão: R$ 100,00

Vendas online em Sympla

Duração: 85 minutos

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