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Dia Internacional do Livro: cinco obras para redescobrir o prazer da leitura

  • Foto do escritor: Lia Garcia
    Lia Garcia
  • há 3 dias
  • 3 min de leitura

Muito além das histórias, alguns livros reinventam a experiência literária.


O dia 23 de abril é considerado o Dia Internacional do Livro. A data foi escolhida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para celebrar o livro, incentivar a leitura, homenagear autores e refletir sobre seus direitos legais. Essa data foi escolhida em tributo aos escritores Miguel de Cervantes, Inca Garcilaso de la Vega e William Shakespeare, que morreram em 23 de abril de 1616.


Para celebrar, que tal ir além da leitura tradicional? Selecionamos cinco obras surpreendentes que brincam com formatos, desafiam a narrativa linear e provam que o livro também é objeto artístico, lúdico e interativo. Confira!


A Mandíbula de Caim, de Torquemada e Edward Powys Mathers

Editora Intrínseca

Considerado um dos maiores quebra-cabeças literários já publicados, este suspense policial é um desafio mental e narrativo. Escrito sob o pseudônimo Torquemada, o livro apresenta 100 páginas embaralhadas que o leitor deve reorganizar corretamente para desvendar seis assassinatos e seus autores. Existem milhões de combinações possíveis, mas só uma é correta — e até hoje, apenas três pessoas conseguiram resolver o enigma. Um prato cheio para fãs de lógica, mistério e literatura interativa. O quebra-cabeça é extremamente difícil, a solução do problema permanece em segredo e diz a lenda, que até hoje, apenas três pessoas conseguiram decifrar o enigma. A edição publicada pela Intrínseca apresenta folhas descartáveis para que o leitor possa reordenar o quebra-cabeça.


Queria ter ficado mais, diversas autoras

Editora Lote 42

A obra reúne 12 histórias de escritoras e jornalistas em diferentes cidades do mundo – da vizinha Buenos Aires à longínqua Tóquio. São textos com uma abordagem autoral e sensível. Os textos de Bruna Tiussu, Clara Averbuck e Lívia Aguiar, entre outras autoras, apresentam diferentes lugares por meio das suas próprias vivências. O projeto gráfico chama a atenção pelo formato: cada um dos capítulos foi impresso em folhas soltas, dobradas e acomodadas dentro de envelopes, como se fossem cartas enviadas dos lugares que as autoras visitaram. Os envelopes ainda trazem ilustrações em aquarelas de Eva Uviedo, inspiradas nos textos.


Inquérito Policial: Família Tobias, de Ricardo Lísias

Editora Lote 42

Nesta obra provocadora, Lísias transforma um episódio real — o arquivamento de um inquérito policial sobre ele mesmo — em uma ficção documental com estética de dossiê. Na ficção, o autor descobre que os denunciantes foram os sócios da editora Lote 42, na mera intenção de ajudá-lo numa crise criativa. Lísias, então, solicita a abertura de uma investigação na Polícia Federal contra a editora. Toda a obra simula um inquérito real, com textos, imagens e documentos impressos em tamanhos diversos, fixados em uma pasta com grampo metálico. Além da narrativa afiada, o projeto gráfico reproduz fielmente o formato de um processo criminal, fundindo literatura e realidade em uma experiência literária singular.


S., de J. J. Abrams e Doug Dorst

Editora Intrínseca

Uma das obras mais ambiciosas em termos de projeto gráfico. S. narra a história de uma jovem que encontra numa biblioteca um livro com anotações de um estranho. As margens repletas de observações revelam um leitor inebriado pela história e pelo misterioso autor da obra. Ela responde os comentários e devolve o livro, que o estranho volta a pegar. Ele é Eric, ela é Jennifer, e o inesperado diálogo dos dois os faz mergulhar no desconhecido. É esse velho exemplar típico de biblioteca - consultado, anotado, manuseado - intitulado O Navio de Teseu, de V. M. Straka, que o leitor encontrará dentro da caixa preta e selada de S. Os dois personagens passam a trocar recados, acrescentam cartas, fotos, mapas, guardanapos e até bilhetes rabiscados. A narrativa se desenrola em camadas paralelas, exigindo que o leitor navegue por textos sobrepostos e anotações que contam uma nova história. Um verdadeiro mergulho físico e intelectual.


O Livro Inclinado, de Peter Newell

Editora Cosac & Naify



Clássico infantil lançado em 1910, esta obra inova ao usar o formato da página como parte da narrativa visual. À medida que um canhão disparado atravessa paredes e telhados, o livro acompanha esse movimento com páginas inclinadas e recortes inusitados. A brincadeira gráfica encanta leitores de todas as idades e continua sendo um exemplo pioneiro de design narrativo aplicado à literatura.


Importante: algumas dessas edições são raras ou limitadas — e podem ser encontradas apenas em sebos, editoras independentes ou sites especializados. Ainda assim, fazem parte de uma curadoria que celebra a materialidade, criatividade e surpresa do objeto-livro.


Esses livros mostram que a forma também é conteúdo — e que o prazer da leitura pode vir da surpresa, da estética e até do desafio. Por isso, neste 23 de abril, celebre não só os livros, mas também tudo o que eles podem ser.


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